O que seria uma vontade sacrificada? Ao olharmos para o Antigo Testamento e pegarmos de exemplo dos sacrifícios que eram feitos desde Adão até os dias no Novo Testamento, iremos ver que era necessário um cordeirinho imaculado, o qual era oferecido por meio do sacrifício, sendo ele totalmente entregue e morto. Não era considerada a vontade desse cordeiro em sobreviver, mas sim a vontade de Deus para que o sacrifício fosse aceito.
Ao introduzir o capítulo 12 de Romanos, Paulo usa duas expressões fortes como um pedido para que seus leitores se ofereçam como sacrifício a Deus. Paulo fala “rogo-lhes pelas misericórdias de Deus”, o verbo Παρακαλῶ está no indicativo presente, onde Paulo está expressando uma ação contundente, tal fato se torna visível ao completar; “pelas misericórdias de Deus” demonstrando que diante de tudo o que Paulo falou desde o capítulo 1 até o 12, diante do sacrifício de Cristo o qual saciou a justiça de Deus e trouxe redenção para os eleitos, agora Paulo pede para que seus leitores vivam de forma sacrificial, ou seja, submetido a vontade de Deus, vivendo de modo santo e agradável a Deus, o que é um culto espiritual.
A realidade de uma vontade sacrificada
É interessante notar que essa forma santa de viver, implica em deixar os moldes desse mundo para trás (Rm 12.2). Com isso percebemos que visivelmente, a maneira de viver de acordo com o mundo está em contraste com a vontade de Deus, e mais assustador ainda é perceber que para viver assim é preciso morrer para si mesmo, transformando a mente de acordo com a vontade de Deus para que se torne possível experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Porém é preciso destacar que assim como o cordeirinho tinha sua vontade de viver negada, também nossa vontade de viver é negada, ou seja, não é minha vontade que será boa, perfeita e agradável, mas a de Deus, e nem mesmo assim essa vontade dEle será boa, perfeita e agradável para mim, mas para Ele mesmo, a propósito, o culto é para Ele e não para nós.
Como viver a vontade de Deus?
Para responder essa pergunta, precisamos retornar para o capítulo 6 de Romanos, onde Paulo argumenta a respeito da morte e ressurreição de Cristo. Isso traz implicações para os eleitos em Cristo, como diz no verso 6, o velho homem fora crucificado com Cristo para que o corpo do pecado seja destruído, e logo no verso 8 diz que morremos com Cristo e como Ele, ressuscitaremos livres do pecado.
A partir do verso 11 Paulo diz que devemos nos considerar mortos para o pecado e vivos em Cristo, assim nossos membros e nossos corpos devem ser oferecidos a Deus como quem voltou da morte para a vida (Rm 6.13). Sendo nosso corpo, nossas vontades dispostas para a justiça, sendo por ela utilizada como instrumento. Esse é o nosso culto espiritual a Deus, sem interferência do pecado, pois Cristo venceu o pecado e por Ele podemos viver livres do poder do pecado. A nossa situação nessa equação é de pessoas santificadas graças a misericórdia de Deus.